segunda-feira, 24 de maio de 2010

Perdidamente- Florbela Espanca





Ser poeta é ser mais alto,é ser maior


do que os homens, morder como quem beija

É ser mendigo e dar como quem seja

É ser rei do reino de aquém e de além dor



É ter de mil desejos o explendor

E não saber sequer que se deseja

É ter ca dentro um astro que flameja

É ter garras e asas de condor...



É ter fome, é ter sede de infinito

Por essas manhãs d'ouro e de cetim

É condensar o mundo num só grito...



E é amar-te assim, perdidamente

É seres alma e sangue e vida em mim

E dizê-lo cantando, a toda a gente...

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